terça-feira, 19 de abril de 2011

3º Capítulo :)

     Não sabia onde estava, só sabia que estava tudo preto a minha volta. Estaria a sonhar ? Muito provavelmente não seria bem um sonho mas sim um pesadelo. Imagens do acidente da minha mãe começaram a andar a minha volta. Imagens que tentei esquecer durante estes 2 anos. Mas de um momento para o outro, eu estava lá, no local do acidente, mas só assistia, não participava. Aquilo era assustador, chegava a ser aterrorizador. Eu queria esquecer aquele dia, eu queria sair daquele maldito pesadelo. Mas não conseguia. O pesadelo controlava-me e eu por muito que quisesse e tentasse não conseguia acordar. Tudo ficou preto novamente. Mas o cenário do acidente da minha mãe foi substituído pelo confronto que tive com o meu pai, nesta última noite. Aquilo era horrível. Estas imagens só serviram para sentir mais raiva dele.
     A minha vida está numa desgraça. Poucas são aquelas pessoas que me fazem feliz, todos os outros só sabiam empurrar me para a tristeza. Felizmente o meu desejo começava-se a concretizar. Comecei a acordar. Abri os olhos. Não fazia ideia do lugar onde estava. Não me conseguia lembrar o que que aconteceu.
   - Querida, o que que vamos fazer em relação a Joana ? - ouvi o meu tio a perguntar distante. Talvez tivesse na cozinha. Espera aí. Tio ?
     Então tudo fez sentido. Eu estava na casa do meu tio. Estava aqui pela discussão que tive com o meu pai. Eu tinha fugido de casa. Como é que consegui ? Eu, filha dele, abandonei-o quando ele mais precisava. Mas ele também tinha passado os limites. Decidi levantar-me e ir a cozinha para falar com o tio. Talvez ele soubesse o que fazer. Pelo menos sabia mais do que eu.
    - Bom dia tio. - disse ao entrar na cozinha.
    - Bom dia morango. - disse ele, ao chamar-me da sua maneira habitual e dando-me um beijo na testa - Como estás ?
   - Bem, dentro dos possíveis.
   - Acho que temos que conversar, não é ? - perguntou ele, e eu assenti - Podes me explicar o que que aconteceu ontem ? Mas se não te sentires a vontade, podes deixar para falares mais tarde.
   - Acho que tenho que enfrentar o que aconteceu e ultrapassar isto o mais depressa possível, antes que isto me afecte mais.
   - Ok, como preferires. Que tal começarmos por me explicares o que que aconteceu para tu fugires de casa ?
   - Ontem o dia estava a correr como o habitual ... O meu pai como sempre não veio jantar e chegou tarde. - comecei eu, o meu tio assentiu e esperou que eu continuasse - Quando ele chegou, chamou-me aos gritos e quando cheguei a cozinha vi que ele estava completamente bêbado e em mau estado ... Perguntei o que que ele queria e ele disse simplesmente que queria o jantar, disse que estava no forno que bastava aquecer mas ele 'obrigou-me' a ser eu a faze-lo. - Olhei para o meu tio, e ele só esperava que eu continuasse - Quando lhe entreguei o jantar, disse que ia dormir porque hoje tinha aulas, mas ele não me deixou, disse que queria companhia. Eu disse que tinha que ir mesmo dormir, e foi aí que ele disse que não servia para nada e que nem servi para evitar o acidente da minha mãe. - Lágrimas teimosas começaram a deslizar pelo meu rosto, enquanto o meu tio passava-me um lenço - Eu disse-lhe aquilo que pensava sobre isso, que se houvesse algum culpado, esse culpado era ele, e ele bateu-me. Deu-me uma chapada, mandando-me ao chão e depois deu-me um pontapé. - terminei.
     O meu tio não disse nada por alguns minutos que pareciam eternidades. Simplesmente olhava para mim. Parecia que ele estava com raiva de alguém. Tinha os punhos fechados. Mas de repente abraçou-me, e disse :
   - Ai Joana, já nem reconheço o teu pai. Desculpa. Deveria ter impedido isto no momento que ele começou a beber. Tudo se vai resolver, e se tu não te opuseres eu vou pedir a tua guarda, tudo bem ?
   - Tio tu não podias fazer nada. Irá me custar muito, mas talvez seja o melhor. Talvez ele abra os olhos e veja aquilo que está a perder.
   - Minha menina. Sempre a pensar no bem dos outro ...
     Ficámos abraçados algum tempo em silêncio. Mas não foi um silêncio contragedor, até pelo contrário. Tio Carlos sempre foi meu amigo. Ele é o meu único tio e eu adoro-o. Ele sempre esteve lá para me ajudar em tudo, e com ele podia sempre desabafar. Ele é como um pai para mim. Ele e a minha tia eram perfeitos. Quem estava de fora, conseguia ver que eles se amam e muito. Eles eram simplesmente únicos, e eu tive muita sorte em conhece-los. Talvez eles fossem a minha salvação sobre aquilo que estava a acontecer.


Ps : Oláa ! Então Tudo bem ? Tentarei postar até a fim-de-semana. Espero que gostem do capítulo e comentem :b

2 comentários:

  1. Gostei muito ^-^
    Gosto muito da Joana, acho-a muito matura para a sua idade =) e tu realmente consegues fazer com k ele ganhe vida através da escrita.
    xD
    espero pelo kuarto!! <3

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