domingo, 26 de junho de 2011

9º Capítulo

     Depois da conversa que tive com o rapaz, que ainda não sei o nome, tive que ir para casa. Estava agora no carro da minha tia a caminho , a pensar no que ele me disse. Não poderia deixar isso acontecer. Era desumano. Se calhar se falasse com a minha tia, ela ajudava-me. Valia a pena ao menos tentar.
   - Tia ? - chamei-a
   - sim querida.
   - Sabes aquele rapaz com quem estava a falar a bocado ?
   - Sim , o Pedro ?
   - Sim. Ele contou-me um coisa em que fiquei a pensar ...
   - O que ?
   - Ele contou-me que daqui a uma semana irá fazer 18 anos, e terá que sair do orfanato. Não há nada que possamos fazer ?
   - Eu por acaso já tinha conhecimento dessa situação. É uma situação complicada. Aliás, sempre que sai de lá alguém é bastante complicado, mas normalmente eles saem de lá com trabalho, o que não é o caso do Pedro. Não é que ele não queira, mas agora com crise é bastante difícil arranjar emprego ainda por cima com a situação dele. Eu já estive a pensar nisso, e não queria que ele fosse ir viver para a rua. Acho que ele não merece, ele é um rapaz bastante simpático e muitas vezes ajuda lá no orfanato com as crianças mais novas. Eu tinha pensado em ele ir viver lá para casa pelo menos durante 1 mês, não me custava nada. Mas é bastante complicado, ele tem que querer, e eu também não sei o teu tio concorda.
   - Pois, mas tenho a certeza que se falássemos com o Pedro direito ele acabava por aceitar e o tio também.
   - Sim. Mas é uma decisão que tem que ser tomada com o tempo. Ainda bem que me falas-te nisso. Hoje eu vou falar com o teu tio e vou ver o que que ele acha.
   - Ok tia. Obrigada. És a melhor tia do Mundo. - sorri.
   ***
     Deus queira que a minha tia consiga convencer o meu tio. Simpatizei mesmo com o Pedro e não queria que isto lhe acontecesse. Em principio só voltava a falar com ele na Segunda, pois a minha tia disse-me que tem muito trabalho amanha. Ando as voltas e voltas na cama a tentar dormir, mas até agora nada. Não consigo parar de pensar nele. Devia-lhe ter pedido o número ou algo assim para poder falar com ele sempre que quisesse. Já que pelos vistos o sono não quer aparecer, tive que socorrer a última alternativa que tinha. Pôs os fones nos ouvidos e comecei a ouvir a música mais relaxante que tinha no mp4. Até quem fim o sono decidiu aparecer. Esta noite dormi como uma pedra, sonhando com o Pedro.
   ***
   - Joana acorda ! Já é de dia. - chamou-me a Rita
   - Meu Deus Joana, hoje estás mesmo na lua. - disse o Rodrigo.
   - Ya, a visita ao orfanato fez-lhe mal a cabeça. - começou a Rita com os seus disparates, e parece que ia continuar - Ou estava lá algum órfão giro ? Simpático ? Querido ? Namoram ? Ele é um cavalheiro ? Ai meu Deus Joana conta-me TUDO ! Já deram algum beijo ? Como se chama ? Quantos anos tem ? De onde é ? Tem pronuncia ? É loiro ? E os olhos como são ? Ai Joana conta-me tudo não te retraías.
   - Mas oh Rita tu passas-te ? Eu não tenho namorado. E sim por acaso até estavam lá rapazes giros. - Ou rapaz ... ai Joana para de pensar nele !
   - Sabes Joana ?
   - Sim Rita ? - vem aí merda ...
   - Tu és a melhor amiga que alguma vez tive e por favor - oh meu Deus não. - LEVA-ME LÁ ! - esta última parte ela falou-me aos gritos nos ouvidos. Merdaa ...
   - Nem penses Rita.
   - Joana Maria não sejas egoísta ! Deixa algum rapaz para mim.
   - Ai Rita está bem ! Mas deixa-me falar com a minha tia. E olha não te esqueces-te que amanhã temos que ir comprar os vestidos pois não ?
   - Ok ok fala lá com a tua tia então. Mas tenho a certeza que ela vai deixar. IUPIII.- nesta parte ela saltou feita maluca. Que medo. - E não, não me esqueci. - sentou-se outra vez. Esquisita.
   - Posso ir com vocês ? - perguntou a incógnita que estava ali a acompanhar a nossa conversa e só se ria.
   - NÃO ! - Dissemos as duas em coro.
   - Porque ?
   - Porque vai ser surpresa ... - disse eu
   - Tipo no casamento. Também não podes ver.
   - Mas isto é só um baile.
   - Pedro eu já disse que não. Só vais ver o vestido da Joana no dia do baile.
   - Oh és bué má.
   - Eu sei. - Dita esta minúscula frase, ela começou a gargalhar feita doida. A sério que as vezes tenho sérios problemas em entender esta rapariga, mas o que que se pode fazer ? Pois nada ...

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