segunda-feira, 11 de abril de 2011

2º Capítulo

   - Joanaaaaa !! 
     Acordei sobressaltada. O dono daquela voz, com certeza, estava mal e talvez bêbado. Não sei porquê mas comecei a sentir medo de responder aquela voz tão já minha conhecida. Mas sabia que seria pior senão enfrentasse o meu pai. Rapidamente vesti o meu robe e saí do meu quarto num passo apressado. Não sei porque, mas deu-me a ligeira sensação que talvez esta noite não acabasse das melhores maneiras.
   - Boa noite pai ! Chamas-te-me ? - Disse ao entrar na cozinha/sala, deparando-me com uma cena horrível : o meu pai estava terrivelmente bêbado e com as roupas todas amassadas e sujas, com um ar cansado.
   - Não, chamei o Papa ! - ironizou ele. - CLARO QUE FOI A TI QUE CHAMEI, NÃO ME OUVIS-TE ?
   - Desculpa pai, mas porque que me chamas-te a esta hora ? - tentei responder com uma voz delicada, para não piorar a situação.
   - Quero o meu jantar, agora !
   - Está no forno, basta aqueceres.
   - EU DISSE AGORA, EU NÃO TE PERGUNTEI AONDE ESTAVA E O QUE QUE TINHA QUE FAZER, EU SÓ DISSE QUE QUERO AGORA ! - disse ele aos gritos, fazendo-me polar de susto.
   - Ok pai, dois minutos e está tudo pronto.
     Ouvi-o suspirar irritado, mas nem liguei, simplesmente pus o prato da comida dele no micro-ondas, e quando fez aquele 'bip' comum para avisar que já estava pronto, pus imediatamente o prato à frente dele.
   - Vá pai, tenho que ir dormir, amanhã tenho aulas, até amanhã.
   - Vais ficar é aí quieta. - Ordenou ele, com a voz um pouco mais alta do que o normal. - Eu quero companhia.
   - Mas pai, amanhã tenho aulas.
   - Eu disse para ficares !! E não estou a pedir, estou a mandar.
   - Desculpa pai mas não posso, até amanhã.
     Ia a virar as costas ao meu pai, mas fui impedida por um puxar no meu braço, que aliás foi com muita força. Ele começava-me a magoar, e eu olhava directamente nos seus olhos enquanto ele fitava-me com muita raiva.
   - Larga-me, estás me a magoar.
   - Eu quero lá saber. Nem para me fazeres companhia serves, aliás nem para salvar a vida da tua mãe servis-te. És mesmo inútil. - Dito isto, ele largou o meu braço.
     Aquela provavelmente a frase que me doeu mais ouvir em toda a minha vida. E sem conseguir evitar comecei segurar as lágrimas, que teimavam em cair. Naquele momento, só me apetecia desaparecer dali, queria correr neste momento para fora deste lugar. Ele nunca me magoara tanto. Ele não tinha direito de me dizer isto quando o único culpado era ele. Ele que só sentiu a tristeza nos primeiros 2 meses e depois começou a desrespeitar tudo e todos.
   - Não tens direito de me dizer uma coisas dessas. Se existe algum culpado nesta cozinha, esse culpado és tu. Tu e as tuas birras inúteis foram quem mataram a minha mãe. Se não tivesses discutido com ela 20 min. antes de irmos para a praceta, não a terias deixado nervosa e nada daquilo teria acontecido, por isso não fales de mim, quando o único culpado aqui és tu. - Respondi eu desperada. Tudo aquilo que guardara dentro de mim, durante estes dois anos, tinha saído e agora, apesar de tudo, sentia-me livre.
     Mas tudo o que não esperarei foi a reacção dele. De um momento para o outro senti uma dor forte na cara, mandado-me ao chão. Pela primeira vez na vida, o meu pai tinha me batido. Sim, o meu pai cada vez me desiludia mais.
   - Não tens o direito de falar da tua mãe, e nunca mais voltes a dizer o que acabas-te de dizer.
   - Digo-te o mesmo a ti. - Disse eu ainda no chão, tentando recuperar - Tenho a certeza, que neste momento, esteja lá onde a mãe estiver, ela deve estar super desiludida contigo, como eu estou agora.
     Neste momento, não senti a minha perna. A dor foi tão grande e de repente que eu nem tive tempo de senti-lá.
   - Cala-te e sai imediatamente daqui, antes que te mate. Tu sabes lá o que a tua mãe sentiu, tu és apenas uma criança que pensa que é grande, e eu não quero saber da tua opnião para nada.
     Não disse nada, apenas assenti e tranquei-me no quarto, planeando no que iria fazer a seguir... Vesti-me, peguei numa mala que tinha no armário e comecei a pôr lá algumas roupas, a minha malinha das coisas de higiene, o meu mp3 e mais algumas coisas que pensei que fosse utilizar. Estava farta desta vida, e o meu pai já tinha chegado aos limites. Feita a mala, destranquei a porta do meu quarto, e fui na direcção da porta de entrada sem antes passar pela sala e ver o meu pai esparramado no sofá a dormir como uma pedra. Peguei nas minhas chaves e sai. Sem ter um rumo certo, mas rapidamente me lembrei de alguém que sempre esteve presente na minha vida. Uma das únicas pessoas que me ajudou imenso : o meu tio. Tio Carlos morava na cidade, aqui mesmo ao lado da aldeia. Fui até a estação de camionetas, comprei o bilhete, e esperei 10 min. que mais pareceram durar uma eternidade.
   ***
     Quando cheguei a porta da casa do meu tio, rapidamente subi os poucos degraus que tinha como entrada e bati à porta. Ninguém respondeu. Bati mais uma vez, mas desta vez com mais força. Depois de longos 2 minutos, quando estava prestes a ir embora, a porta abre-se mostrando o meu tio de robe azul.
   - Joana o que que estás aqui a fazer a estas horas ?
     Não consegui responder, simplesmente abraçei-o com toda a força que tinha. Sabia que precisava dele mais do que nunca. Ele não me fez nenhuma pergunta, simplesmente puxou-me para dentro e deitou-me no sofá com a cabeça apoiada nas suas pernas, começando a remexer nos meus cabelos como a minha mãe sempre me fazia quando era pequena e tinha os meus problemas. Aquele pequeno jesto deu-me uma sensação de conforto que já não sentia há muito. E, como já era de esperar, depois de todos os acontecimentos desta noite adormeci.
  

Ps : Desculpem o meu atraso, mas não deu mesmo para publicar antes. Mas para compensar, este capítulo é maior :) Espero que gostem e comentem :)

7 comentários:

  1. Está espectacular ! Adorei, parece msm realidade !

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  2. Esta muito bom, parece a realidade! Adorei, vais fazer 3º capitulo nao é?

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  3. Vou, mas só não sei quando é que vou publicar. Obrigada :)

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  4. Gostei muito. Tens mesmo muito geito :) Continua. beijocas xD

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  5. Amei *.* Tou a ficar viciada!!! Ihhih ;D bjk

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  6. LOOOL obrigada :D Aqui pelo menos dá para esquecer os problemas :)

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